domingo, 4 de março de 2018

Pedra ou Vidraça



Ao longo de quase trinta anos como empreendedor, vivenciei muitas situações e testemunhei tantas outras através das consultorias que realizo; além das inúmeras histórias relatadas por alunos em minhas aulas retratando suas biografias.
Ao entrevistar um candidato a uma suposta vaga de emprego ou estágio via de regra ouvimos pedidos de oportunidades, quase súplicas por uma co ou recolocação: “Realmente estou precisando muito...” “...Estou muito agradecido pela oportunidade...”  “...Muito obrigado, o senhor não se arrependerá...”
Entenda que a questão que permeia a situação não é o que a empresa fará por você, mas sim, o que você fará pela empresa; estou tentando identificar alguém com o perfil para preencher uma vaga, buscando ser surpreendido positivamente. Uma via de duas mãos onde ambos se ajudam e alcançam bons resultados.
O tempo passa e os atestados médicos tem como destino a mesa do gestor, a taxa de absenteísmo reflete negativamente sobre o resultado mensal da instituição e as reclamações dos clientes passam a ser frequentes. Até que: “Posso falar com o senhor?” “Estou com problemas e não quero prejudicar a empresa, por isso mesmo teria como o senhor me demitir?” “Com isso eu poderia receber meu auxilio desemprego, meu FGTS e resolver meus problemas.” Se o empreendedor aceita esse tipo de acordo que simula uma demissão ele está infringindo a lei e poderá ser penalizado por isso; embora o funcionário momentaneamente lhe agradeça pelo arriscado gesto que o beneficiará isso não o livrará de maledicências; que certamente ocorrerão caso não aceite a “proposta” e o risco.
Se entendessem que nós empregadores precisamos de bons funcionários tanto quanto eles precisam de bons empregos poderíamos trabalhar em conjunto, cada qual com seus direitos e deveres, ônus e bônus.
  Em relação aos comentários, motivados ou não, perceba que algumas pessoas lhe conhecem, muitas outras lhe imaginam para o bem e para o mal, nada que você faça mudará isso. E quanto mais vitoriosa for sua trajetória mais comentários serão tecidos a seu respeito. Já fui pedra, hoje sou vidraça; mas todos sem exceção possuem telhados de vidro, a diferença é o tamanho da vidraça.
Por falar em vidraças, em 1982 foi publicado um estudo científico na revista The Atlantic Monthly uma teoria elaborada por dois criminologistas americanos James Q. Wilson e George Kelling chamada de teoria das janelas quebradas que afirma que se uma janela de um edifício for quebrada e não for reparada a tendência é que vândalos passem a arremessar pedras nas outras janelas ainda inteiras e posteriormente passem a ocupar o edifício e destruí-lo. Portanto, mantenha suas vidraças incólumes e transparentes como seus gestos, pois se mesmo assim elas forem apedrejadas quem o fizer errará o alvo pela admiração de tantos outros que formam um escudo protetor ao seu redor. Caso acertem, substitua logo o vidro quebrado e vigie para que não se repita.
Um conselho para quem quer viver de verdade: “Nunca prometa o que não possa cumprir.”
Boa sorte e bons negócios.
Celso Cunha


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