Em quase vinte anos de
consultoria financeira percebi que os erros se repetem e quando negligenciados
são capazes de levar seus autores a bancarrota.
Uma pessoa, uma empresa, e até mesmo um país que os cometer será forte
candidato a falência. E tudo começa com
algumas confusões. Vamos a elas:
·
Faturamento com lucro (receita bruta com receita líquida)
·
Pessoa física com jurídica
·
Imobilizar o Capital de giro
Confundir Faturamento com Lucro:
Poucas pessoas sabem
diferenciar os dois termos. Lembro de um
cliente dizendo não saber o porquê das dificuldades financeiras em sua empresa
se seu negócio era tão rentável. Dizia
ele que seu lucro beirava os 200% e que em apenas quatro dias de um evento
havia ganhado R$ 108.000,00. Diante da
minha pergunta se esse valor representava o faturamento ou o lucro ele
retrucou:
_ “Não importa o termo que
você use, é tudo a mesma coisa, são mais de cem mil reais.”
E ao lhe explicar que
precisávamos abater desse valor os custos de produção, matéria prima, comercialização,
recebimento e impostos; chegamos ao lucro líquido aproximado de R$ 27.000,00 e
uma grande decepção ao me informar que adquirira um automóvel de quase R$
40.000,00 sob o entusiasmo do negócio.
Confundir Pessoas Física e Jurídica:
Esse é o caso comum
daqueles empresários que misturam a vida particular com a empresa. Uma pilha de
contas particulares como: condomínio, luz, telefone, prestações diversas,
seguro de automóvel, plano de saúde de toda a família entre outras obrigações esperam
juntas as da própria empresa que o caixa lhe sirva de alívio. O cartão de crédito mistura tudo e na hora de
pagar a fatura quem paga é a empresa, o caixa vai para o bolso no final do dia
e o saldo de conta corrente da jurídica não consegue quitar nem mesmo a energia
elétrica, ele entra no cheque especial a juros altos para saldar as dívidas e a
manutenção obrigatória da empresa e no final do mês se mostra insatisfeito,
pois trabalhou tanto e não teve pró-labore, pois a empresa fechou no vermelho
novamente.
Experimente separar a
pessoa física da jurídica e compare os resultados com a situação anterior e
surpreenda-se. Diante da minha
reprovação com tantos gastos pessoais incidindo sobre a empresa, a proprietária
me disse:
_ “Mas então como você quer
que eu viva?”
De uma vez por todas, a
empresa não tem que custear o que você acha que merece. Você empresário deve viver com parte do lucro
de sua empresa. Aquele que chamamos de
pró labore.
Imobilizar o capital de giro da
empresa:
Esse pode ser o caso
exemplar daquele “empreendedor” que vende o carro, junta o saldo do FGTS da
rescisão de trabalho de seu último emprego, se endivida com amigos, familiares
e bancos esperando quitar todas as dívidas com parte do lucro logo após a
inauguração de um possível próspero negócio próprio. Não percebe a necessidade de capital de giro
para o bom funcionamento da empresa, e qualquer dinheiro que entra no caixa é
visto como lucro e volta à primeira confusão.
Ou aquele outro que troca o carro com o caixa da empresa, se endivida
com a aquisição de uma casa de praia ou sítio, que pouco usa e muito gasta, ou
ainda resolve mudar a visão de negócio e crescer sob força de capital
imobilizado arriscando, aumentando a produção o que exige um esforço de venda e
riscos no recebimento.
Imobilizar o capital de
giro da empresa é o início do fim. Toda
empresa deve manter uma conta reserva para se manter no caso de “surpresas
indesejáveis”.
Quaisquer dos erros acima
levarão a empresa ao endividamento e pagamento de juros que vão variar de caso
a caso de acordo com a análise de crédito de quem os concede e dependerá da
origem desses recursos para fixação das taxas cobradas. Nessas horas o acesso ao crédito com baixa
taxa de juros é um socorro; um alívio ou oxigênio para se continuar no “jogo”. Mas, isso por si só não conserta a questão de
“Por que chegamos a esse ponto?” Essa interrogação deverá ser respondida; e ao
encontrar o motivo real um plano de ação iniciado, pois caso contrário, o ralo
continuará aberto e logo haverá a necessidade de novo crédito. No momento da tomada de empréstimo no mercado
financeiro será testada a idoneidade da empresa. Então, antes que isso aconteça, mantenha-a
limpa de qualquer mácula ou protesto para que se tenha uma segunda chance.
Boa sorte e bons negócios.
Celso Cunha.
Excelente artigo! No entanto, quando se é pequeno, é muito difícil manter as contas pessoais e da empresa separadas, porque como só existe uma fonte de renda, todo $$ que entra é pra pagar as duas contas, pessoal e empresa.
ResponderExcluirFazer essa "mágica" acontecer é um desafio!