domingo, 26 de novembro de 2017

OS TRÊS ERROS UNIVERSAIS


Em quase vinte anos de consultoria financeira percebi que os erros se repetem e quando negligenciados são capazes de levar seus autores a bancarrota.  Uma pessoa, uma empresa, e até mesmo um país que os cometer será forte candidato a falência.  E tudo começa com algumas confusões.  Vamos a elas:

·   Faturamento com lucro (receita bruta com receita líquida)
·   Pessoa física com jurídica
·   Imobilizar o Capital de giro
Confundir Faturamento com Lucro: 
Poucas pessoas sabem diferenciar os dois termos.  Lembro de um cliente dizendo não saber o porquê das dificuldades financeiras em sua empresa se seu negócio era tão rentável.   Dizia ele que seu lucro beirava os 200% e que em apenas quatro dias de um evento havia ganhado R$ 108.000,00.  Diante da minha pergunta se esse valor representava o faturamento ou o lucro ele retrucou:

_ “Não importa o termo que você use, é tudo a mesma coisa, são mais de cem mil reais.”

E ao lhe explicar que precisávamos abater desse valor os custos de produção, matéria prima, comercialização, recebimento e impostos; chegamos ao lucro líquido aproximado de R$ 27.000,00 e uma grande decepção ao me informar que adquirira um automóvel de quase R$ 40.000,00 sob o entusiasmo do negócio.

Confundir Pessoas Física e Jurídica:
Esse é o caso comum daqueles empresários que misturam a vida particular com a empresa. Uma pilha de contas particulares como: condomínio, luz, telefone, prestações diversas, seguro de automóvel, plano de saúde de toda a família entre outras obrigações esperam juntas as da própria empresa que o caixa lhe sirva de alívio.  O cartão de crédito mistura tudo e na hora de pagar a fatura quem paga é a empresa, o caixa vai para o bolso no final do dia e o saldo de conta corrente da jurídica não consegue quitar nem mesmo a energia elétrica, ele entra no cheque especial a juros altos para saldar as dívidas e a manutenção obrigatória da empresa e no final do mês se mostra insatisfeito, pois trabalhou tanto e não teve pró-labore, pois a empresa fechou no vermelho novamente.
Experimente separar a pessoa física da jurídica e compare os resultados com a situação anterior e surpreenda-se.  Diante da minha reprovação com tantos gastos pessoais incidindo sobre a empresa, a proprietária me disse:
_ “Mas então como você quer que eu viva?”

De uma vez por todas, a empresa não tem que custear o que você acha que merece.  Você empresário deve viver com parte do lucro de sua empresa.  Aquele que chamamos de pró labore.   

Imobilizar o capital de giro da empresa:
Esse pode ser o caso exemplar daquele “empreendedor” que vende o carro, junta o saldo do FGTS da rescisão de trabalho de seu último emprego, se endivida com amigos, familiares e bancos esperando quitar todas as dívidas com parte do lucro logo após a inauguração de um possível próspero negócio próprio.  Não percebe a necessidade de capital de giro para o bom funcionamento da empresa, e qualquer dinheiro que entra no caixa é visto como lucro e volta à primeira confusão.  Ou aquele outro que troca o carro com o caixa da empresa, se endivida com a aquisição de uma casa de praia ou sítio, que pouco usa e muito gasta, ou ainda resolve mudar a visão de negócio e crescer sob força de capital imobilizado arriscando, aumentando a produção o que exige um esforço de venda e riscos no recebimento.
Imobilizar o capital de giro da empresa é o início do fim.  Toda empresa deve manter uma conta reserva para se manter no caso de “surpresas indesejáveis”.

Quaisquer dos erros acima levarão a empresa ao endividamento e pagamento de juros que vão variar de caso a caso de acordo com a análise de crédito de quem os concede e dependerá da origem desses recursos para fixação das taxas cobradas.  Nessas horas o acesso ao crédito com baixa taxa de juros é um socorro; um alívio ou oxigênio para se continuar no “jogo”.  Mas, isso por si só não conserta a questão de “Por que chegamos a esse ponto?” Essa interrogação deverá ser respondida; e ao encontrar o motivo real um plano de ação iniciado, pois caso contrário, o ralo continuará aberto e logo haverá a necessidade de novo crédito.  No momento da tomada de empréstimo no mercado financeiro será testada a idoneidade da empresa.  Então, antes que isso aconteça, mantenha-a limpa de qualquer mácula ou protesto para que se tenha uma segunda chance.  

Boa sorte e bons negócios.

Celso Cunha.  

Um comentário:

  1. Excelente artigo! No entanto, quando se é pequeno, é muito difícil manter as contas pessoais e da empresa separadas, porque como só existe uma fonte de renda, todo $$ que entra é pra pagar as duas contas, pessoal e empresa.
    Fazer essa "mágica" acontecer é um desafio!

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